O computador está propiciando uma
verdadeira revolução no processo de ensino-aprendizagem. Uma das razões dessa
revolução é o fato de ele ser “capaz de ensinar”. Entretanto, o que
transparece, é que a entrada dos computadores na educação tem criado mais
controvérsias e confusões do que auxiliado a resolução dos problemas da
educação. Por exemplo, o advento do computador na educação provocou o
questionamento dos métodos e da prática educacional, muitas vezes calejada
pelos anos de experiência do professor como centro da informação, o detentor do
conhecimento e, o livro, umas de suas ferramentas necessárias para o trabalho
além do giz e do quadro negro.
É como se eles estivessem em cima do
muro, de um lado as experiências de anos e do outro lado o desafio do novo, da
necessidade de mudar, pois muitos acreditam que o computador é uma ferramenta
pedagógica, mas não sabem como utilizar essa ferramenta para propiciar o
conhecimento; não sabem como avaliar as atividades desenvolvidas no mesmo e, o
pior de tudo é o comportamento dos professores menos informados que receiam e
relutam o uso do computador na sala de aula. Entre outras coisas, esses
professores pensam que serão substituídos pela máquina.
E os alunos, filhos dessa era digital
onde muitos pais exigem o uso do computador na escola, já que seus filhos, os
futuros membros da sociedade do século 21, devem estar familiarizados com essa
tecnologia, como ficam perante essa indecisão e insegurança desses professores?
Afinal, uma das funções de nós educadores é preparar o aluno para viver em
sociedade, e a sociedade atual está embasada em tecnologia.
Faz-se necessário uma quebra de
paradigmas de métodos educacionais, isso não é um processo fácil e rápido;
muitos colégios trabalham com a informática educativa há anos e nem sempre ela
está sendo aplicada de modo correto, onde o aluno recebe a informação pelo
professor e vai construir o conhecimento utilizando o computador como
ferramenta pedagógica. O uso do computador requer certas ações que são bastante
efetivas no processo de construção do conhecimento. Quando o aluno está
interagindo com o computador ele está manipulando conceitos e isso contribui
para o seu desenvolvimento mental.
Ele está adquirindo conceitos da
mesma maneira que ele adquire conceitos quando interage com objetos do mundo,
como observou Piaget. E Papert denominou esse tipo de aprendizado de
"aprendizado piagetiano" (Papert, 1980).
Mediante relatos de professores,
pode-se identificar os “otimistas camuflados”, que são aqueles professores que
afirmarm que o computador é uma ferramenta pedagógica para em outras respostas
descreveram inúmeras dificuldades em utilizá-las e que na maioria não se
qualificam e demonstram desinteresse para mudar essa realidade de insegurança e
os “otimistas veteranos” como aqueles que vêem que mudar requer paciência e
principalmente iniciativa e demonstram interesse em saber cada vez mais como
utilizar essa nova ferramenta pedagógica.
Mas, para implantar uma informática
educativa, necessita-se muito mais do que otimismo; os gestores e professores
das escolas precisam ter um bom planejamento pedagógico e não ver apenas o
computador como modismo, onde só porque outros países (estados ou cidades)
ou outras escolas dispõem do computador na educação, nós também devemos adotar
essa solução; ou porque o computador fará parte da nossa vida, portanto a
escola deve nos preparar para lidarmos com essa tecnologia; ou colocar a
informática como disciplina curricular, com isso o aluno adquire noções de
computação: o que é um computador, como funciona, para que serve, etc.
No entanto, esse argumento é
falacioso. Primeiro, computador na educação não significa aprender sobre
computadores, mas sim através de computadores. Segundo, existem muitos
artefatos que fazem parte da nossa vida cuja habilidade de manuseio não foi
adquirida na escola, por exemplo, o telefone, o rádio, a televisão. Somos
capazes de manuseá-los muito bem e essa habilidade não foi adquirida na escola
através de cursos sobre esses equipamentos.
Por que o computador merece esse
destaque dentre as tecnologias, a ponto de ser considerado objeto de estudo na
escola? Se ele fará parte da nossa vida, como já ocorre, ele será simples,
descomplicado, de modo que o usaremos sem saber que estamos usando um computador.
Como ocorre com o telefone: usamos sem saber princípios de telefonia ou como
funciona o telefone. O interesse em estudar esses objetos tecnológicos na
escola deve ir além do simples fato de eles permearem a nossa vida.
O computador é um meio didático: assim
como temos o retroprojetor, o vídeo, etc, devemos ter o computador. Nesse caso
o computador é utilizado para demonstrar um fenômeno ou um conceito, antes do
fenômeno ou conceito ser passado ao aluno. De fato, certas características do
computador como capacidade de animação, facilidade de simular fenômenos,
contribuem para que ele seja facilmente usado na condição de meio didático. No
entanto, isso pode ser caracterizado como uma sub-utilização do computador se
pensarmos nos recursos que ele oferece como ferramenta de aprendizagem e além
do mais considerar as aulas em laboratório uma motivação para os alunos.
É necessário tornar essa escola mais
motivadora e interessante. Entretanto, esse tipo de argumento é preocupante e
revela o descompasso pedagógico em que se encontra a escola atualmente.
Primeiro, é assustador pensar que necessitamos de algo como o computador para
tornar a escola mais motivadora e interessante. A escola deveria ser
interessante não pelo fato de possuir um computador, mas, pelo que acontece na
escola em termos de aprendizado e desenvolvimento intelectual, afetivo,
cultural e social.
Considera-se que o computador deve
ser utilizado como um catalisador de uma mudança do paradigma educacional. Um
novo paradigma que promove a aprendizagem ao invés do ensino, que coloca o
controle do processo de aprendizagem nas mãos do aprendiz, e que auxilia o
professor a entender que a educação não é somente a transferência de
conhecimento, mas um processo de construção do conhecimento pelo aluno, como produto
do seu próprio engajamento intelectual ou do aluno como um todo. O que está
sendo proposto é uma nova abordagem educacional que muda o paradigma
pedagógico.
Entretanto, a nova questão que se
coloca é: como conseguir essa mudança? Parece que o sistema educacional, como
um todo, resiste a essas mudanças. Existe uma tendência de se manter o
paradigma instrucionista por razões de ordem histórica — foi assim que fomos
educados é assim que devemos educar.
Depende de nós, educadores, ver
caminhando para o progresso a aplicabilidade da Informática Educativa, isso é
possível se houver uma forte atuação da gestão juntamente com a Coordenação do
Laboratório de Informática e seus facilitadores em incluir todos os professores
na era digital.
Com muita paciência e buscando
compreender as fobias que amedrontam o uso do computador pelos professores, os
facilitadores conseguirão amenizar a exclusão digital dos docentes e muitos por
aí já atuam com total autonomia em ministrar suas aulas no laboratório de
informática.
Mas a principal iniciativa deve
partir de cada professor em querer ser incluso nessa era digital, não basta ter
o melhor laboratório de informática se o docente não demonstrar interesse em
aprender, de nada adianta tentar aplicar a informática educativa, afinal o
computador ainda não faz milagres.
“Muitos dos desafios enfrentados tem
a ver com a fragmentação do conhecimento que resulta tanto de nossa
especialidade quanto e, principalmente, do processo educacional do qual
participamos. Ambos estão diretamente relacionados às limitações causadas por
uma visão mecaniscista, que é o fruto do paradigma dominante e segue o modelo
da racionalidade científica, característica da ciência moderna.” (Almeida,
2000a: 20)
(Texto de José Armando Valente)
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