TEXTO.
A Filosofia teve origem na tentativa humana de escapar
para um mundo em que nada mudasse. Platão, fundador dessa área da cultura que hoje chamamos
Filosofia, supunha que a diferença entre o passado e o futuro seria mínima.
Foi somente quando começaram a levar a História e o
tempo a sério que os filósofos colocaram suas esperanças quanto ao futuro deste
mundo no lugar antes ocupado por seu desejo de conhecer um outro
mundo.
A tentativa de levar o tempo a sério começou com Hegel,
que formulou explicitamente suas dúvidas
quanto à tentativa platônica de escapar do tempo e mesmo
quanto ao esforço de Kant em achar condições a-históricas de possibilidade de fenômenos temporais. A
Filosofia distanciou-se da questão "O que somos?" para focalizar "O que poderíamos vir a ser?"
1. Assinale a opção concordante com as idéias do texto.
A. Platão não só foi o
filósofo que superou as formulações de Hegel e Kant relativas aos fenômenos
temporais como foi o que cogitou na idéia de futuro.
B. Inicialmente, em suas
origens, a Filosofia se interessou pelas condições não-históricas das
transformações temporais a que os seres humanos se sujeitam.
C. Os filósofos sempre se
preocuparam prioritariamente com a questão da passagem do tempo e das
conseqüentes mudanças históricas.
D. Hegel inaugurou, na
Filosofia, as cogitações relativas ao tempo e às condições históricas dos
fenômenos temporais.
E. A Filosofia nasceu marcada
pelo interesse do homem em sondar as suas próprias possibilidades de
transformação e mudança no tempo e na História.
TEXTO.
Quando a justiça entra em conflito com a lealdade, essa
última geralmente leva a melhor. Muitos de nós alimentamos e protegemos nossas
famílias antes de podermos pensar nas necessidades de nossos vizinhos. Muitos
de nós estamos muito mais interessados no bem-estar dos nossos compatriotas do
que na situação das pessoas do outro lado do mundo.
2. Em relação às idéias do texto, assinale a opção incorreta.
(A) O senso de justiça entre indivíduos de povos
diferentes é superior à lealdade que se dispensa aos familiares mais próximo.
(B) A lealdade geralmente prevalece sobre a justiça
quando há conflito entre as duas forças.
(C) O pensamento relativo às necessidades dos nossos
conhecidos é secundário em relação às preocupações com os familiares.
(D) O interesse pelas causas nacionais é prioritário em
relação aos contextos do exterior.
(E) A solidariedade entre pessoas de uma mesma
nacionalidade sobrepõe-se à solidariedade para com povos estrangeiros.
TEXTO.
Prever
o futuro é tão arriscado que, podendo sempre errar, é preferível errar pelo
otimismo. E há boas razões para ser otimista quanto à democracia. Nos últimos
20 anos, dobrou ou triplicou o número de pessoas que não vivem em ditadura.
Talvez seja demais chamar Ucrânia ou El Salvador hoje de Estados
democráticos, mas certamente há bem mais liberdade nesses países ou no Brasil,
após a queda do comunismo e das ditaduras apoiadas pelo primeiro mundo, do que
havia em 1980. A conjuntura mundial torna difícil o cenário usual, que era a
rigorosa repressão ante o avanço de reivindicações populares.
3. Em
relação ao texto, assinale a opção correta.
a)
Pode-se inferir do texto que atualmente não há clima favorável à repressão de
movimentos populares.
b) Até há
pouco tempo não havia restrições às demandas e reivindicações de segmentos
insatisfeitos da sociedade.
c) A
expressão “tão arriscado que” pode ser substituída por tão arriscado quanto sem
prejuízo para a correção do texto.
d) Se a
palavra “certamente” vier entre vírgulas o texto transgride as normas de
pontuação.
e) A
vírgula após “usual” indica que a oração a seguir é restritiva.
TEXTO.
O quadro
geral de apaziguamento abre espaço para a expansão da democracia. Mas resta
muito por fazer. Mais que tudo, é preciso desenvolver a idéia de que a
democracia não é só um regime político, mas um regime de vida. Quer dizer que o
mundo dos afetos deve ser democratizado. É preciso democratizar o amor, seja
paternal ou filial; a amizade; o contato com o desconhecido: tudo o que na
modernidade fez parte da vida privada. É preciso democratizar as relações de
trabalho, hoje tuteladas pela propriedade privada. A democracia só vai se
consolidar, o que pode tardar décadas, quando passar das instituições
eleitorais para a vida cotidiana. É claro que isso significa mudar, e
muito, o que significa democracia. Cada vez mais ela terá a
ver com o respeito ao outro.
4.
Assinale a opção que está em desacordo com as idéias do texto.
a) A
noção de regime político é mais restrita que a noção de regime de vida.
b)
Pode-se inferir que as relações de trabalho tuteladas pela propriedade privada
não são suficientemente
democráticas.
c) A
proposta de ampliação do conceito de democracia transcende as questões públicas
e políticas e invade o universo individual e privado.
d) A
consolidação da democracia tem como condição a abrangência das questões da vida
cotidiana.
e) A
mudança do conceito de democracia é uma transformação que está ocorrendo na
sociedade e seus resultados serão vistos brevemente.
TEXTO.
Na
pesquisa para avaliar a gestão nas empresas em relação à qualidade no setor de
software, foram considerados os seguintes fatores: a elaboração de planos
estratégicos, a inclusão de metas consistentes, a coleta de indicadores
precisos, a contabilidade adequada de custos, a implantação de programas de
qualidade total e a certificação dos sistemas.
O
relacionamento das empresas com seus empregados foi acompanhado a partir de
aspectos da participação dos mesmos na solução de problemas, sua satisfação e
oportunidades de aperfeiçoamento profissional. O relacionamento com o mercado
era avaliado considerando-se a realização de pesquisas de expectativa e de
satisfação junto aos clientes; a existência de estruturas de atendimento; a
resolução de reclamações e o uso desses tipos de dados na revisão de projetos
ou na especificação de novos produtos e serviços.
Procedimentos
específicos para qualidade em software foram medidos por indicadores referentes
à adoção de métodos de engenharia para prevenção ou detecção de defeitos, à
utilização de ferramentas automatizadas de desenvolvimento e ao tipo de
documentação adotada. Adicionalmente, todo um conjunto de aspectos foi
levantado vi¬sando à caracterização das empresas e do software desenvolvido no
Brasil.
5. Em
relação ao texto, assinale a opção correta.
a) As
escolhas sintáticas e lexicais do texto são apropriadas para um texto de
relatório.
b) Para
que a pontuação do texto se torne correta é necessário substituir as quatro
vírgulas após o sinal de dois pontos por sinais de ponto e vírgula.
c) O uso
da voz passiva em “foi acompanhado” tem o efeito estilístico de explicitar e
reforçar o papel do agente da ação.
d) Em “O
relacionamento com o mercado era avaliado”, a transformação da voz passiva
analítica para sintética corresponde a: Avaliou-se o relacionamento com o
mercado.
e) O uso
do pretérito indica que a pesquisa a que o texto se refere está em andamento.
TEXTO.
O mundo é
grande
O mundo é
grande e cabe
Nesta
janela sobre o mar.
O mar é
grande e cabe
Na cama e
no colchão de amar.
O amor é
grande e cabe
No breve
espaço de beijar.
6. Neste
poema, o poeta realizou uma opção estilística: a reiteração de determinadas construções
e expressões linguísticas como o uso da mesma conjunção para estabelecer a
relação entre as frases. Essa conjunção estabelece, entre as idéias
relacionadas, um sentido de:
(A)
oposição.
(B)
comparação.
(C)
conclusão.
(D)
alternância.
(E)
finalidade.
TEXTO.
Oh! Que
saudades
Do luar
da minha terra
Lá na
serra branquejando
Folhas
secas pelo chão
Este luar
cá de cidade
Tão
escuro não tem aquela saudade
Do luar
lá do sertão!
7. Os
versos acima ilustram características do Arcadismo:
a)
exaltação à natureza da terra natal.
b)
declarada contenção dos sentimentos.
c)
expressão de sentimentos universais.
d) volta
ao passado para escapar das agruras do presente.
e)
oposição entre o campo e a cidade.
TEXTOS.
I – “A
parança que foi ¾ conforme estou vivo lembrado ¾ numa vereda sem nome nem fama, corguinho
deitado demais, de água muito simplificada.”
II –
“...penetrar no universo do grande sertão é trilhar as veredas da poesia
e, com Riobaldo, propor-se grandes questionamentos.”
III –
“Após a batalha, os jagunços pararam para descansar num curso d’água
orlado de buritis.”
8. Observando as relações entre as expressões grifadas, é correto
afirmar que ocorre:
a)
homonímia entre I e II e antonímia entre I e III.
b)
polissemia entre I e II e sinonímia entre I e III.
c)
paronímia entre I e II e homonímia entre I e III.
d)
homonímia entre I e II e sinonímia entre II e III.
TEXTO.
Leia o
excerto abaixo extraído de uma suposta entrevista com Riobaldo, personagem de Grande
sertão: veredas.
“Mire e
veja o leitor e a leitora: se não houvesse Brasil, não haveria ‘Grande sertão:
veredas’, não haveria Riobaldo. Deviam ter pensado que pelo menos para isso
serviu. E o resto é silêncio. Ou melhor, mais uma pergunta senhor
Riobaldo. O que é silêncio?
R ¾ O senhor sabe o que o silêncio é? É a gente mesmo, demais.”
(Alberto
Pompeu de Toledo, Veja).
9. No
trecho acima, predominam as seguintes funções da linguagem:
a)
poética e fática.
b) fática
e conativa.
c)
expressiva e poética.
d)
conativa e metalingüística.
TEXTOS.
Leia as
observações abaixo a respeito de Grande sertão veredas.
I – A história é narrada, durante três dias, a alguém culto, que toma
notas, mas que não aparece explicitamente no corpo da narrativa. As falas desse
homem da cidade não são reproduzidas no livro. Sabemos de suas intervenções
somente por meio das respostas de Riobaldo.
II – Como
se trata da longa fala de um fazendeiro do noroeste de Minas Gerais, que foi
jagunço e não teve muito estudo, a linguagem do livro é marcada por expressões
típicas do lugar em que vive o narrador-perso-nagem, por provérbios e exemplos
tirados do seu cotidiano rural.
III –
Quanto à estruturação do romance, não há divisão em capítulos. O início se dá
com um travessão, marcando a fala de um personagem ¾ Riobaldo ¾ fala
essa que só é interrompida quando ele acaba de contar a história.
IV – As
histórias contadas por Riobaldo desenrolam-se no sertão, o espaço síntese onde
as ações humanas são refletidas. Nele, cada rio, cada vereda, cada árvore ou
pássaro, sem deixarem de pertencer ao mundo natural, mantêm profunda
correspondência com a esfera humana. Daí a preocupação do autor com uma
delimitação geográfica precisa, que o mantém fiel aos nomes de rios e cidades
existentes na região.
10. Com
relação ao romance de Guimarães Rosa, estão corretas as assertivas:
a) I e
IV.
b) I, II
e III.
c) I, III
e IV.
d) II,
III e IV.
TEXTO.
“E Maria
Mutema, sozinha em pé, torta magra de preto, deu um gemido de lágrimas e
exclamação, berro de corpo que faca estraçalha. Pediu perdão! Perdão forte,
perdão de fogo, que da dura bondade de Deus baixasse nela, em dores de
urgência, antes de qualquer hora de nossa morte. E rompeu fala, por entre
prantos, ali mesmo, a fim de perdão de todos também, se confessava.”
11. Nesse
episódio de Grande sertão: veredas, Maria Mutema confessa ter:
a)
assassinado o marido e provocado a morte do vigário.
b)
despejado chumbo derretido no ouvido do vigário, enquanto este dormia.
c) matado
o marido de desgosto ao confessar seu amor pelo vigário.
d) mantido
um relacionamento pecaminoso com o finado vigário, com o qual teve três filhos.
TEXTO.
O GRANDE AMOR.
Tom Jobim
e Vinícius de Moraes.
Haja o
que houver
Há sempre
um homem para uma mulher
E há de
sempre haver
Para
esquecer um falso amor
E uma
vontade de morrer
Seja como
for
Há de
vencer o grande amor
Que há de
ser no coração
Como um
perdão para quem chorou.
12. Sobre
o texto acima, é correto afirmar que:
a) possui
interdependência entre elementos argumentativos e descritivos, os quais são
transformados em poesia.
b) narra,
poeticamente, a história de um personagem que conseguiu esquecer um falso amor
quando encontrou um grande amor.
c)
apresenta um narrador que expõe seu ponto de vista sobre o relacionamento
amoroso, usando o procedimento de auto-referência.
d)
expressa a idéia, por meio de elementos discursivos, arranjados numa linguagem
poética-argumentativa, de que o verdadeiro amor sempre vence.
TEXTO.
“Oxímoro
(ou paradoxo) é uma construção textual que agrupa significados que se excluem
mutuamente. Para Garfield, a frase de saudação de Jon expressa o maior de todos
os oxímoros”.
13. Nas
alternativas abaixo, estão transcritos versos retirados do poema "O
operário em construção". Pode-se afirmar que ocorre um oxímoro em:
(A)
"Era ele que erguia casas
Onde
antes só havia chão."
(B)
"...a casa que ele fazia
Sendo a
sua liberdade
Era a sua
escravidão."
(C)
"Naquela casa vazia
Que ele
mesmo levantara
Um mundo
novo nascia
De que
sequer suspeitava."
(D)
"... o operário faz a coisa
E a coisa
faz o operário."
(E)
"Ele, um humilde operário
Um
operário que sabia Exercer a profissão."
(Vinícius
de MORAES. Antologia Poética. São Paulo: Companhia das Letras, 1992).
TEXTO.
"Os
progressos da medicina condicionaram a sobrevivência de número cada vez maior de
indivíduos com constituições genéticas que só permitem o bem-estar quando seus
efeitos são devidamente controlados através de drogas ou procedimentos
terapêuticos. São exemplos os diabéticos e os hemofílicos, que só sobrevivem e
levam vida relativamente normal ao receberem suplementação de insulina ou do
fator VIII da coagulação sanguínea".
14. Essas
afirmações apontam para aspectos importantes que podem ser relacionados à
evolução humana. Pode-se afirmar que, nos termos do texto:
(A) os
avanços da medicina minimizam os efeitos da seleção natural sobre as
populações.
(B) os
usos da insulina e do fator VIII da coagulação sanguínea funcionam como agentes
modificadores do genoma humano.
(C) as
drogas medicamentosas impedem a transferência do material genético defeituoso
ao longo das gerações.
(D) os
procedimentos terapêuticos normalizam o genótipo dos hemofílicos e diabéticos.
(E) as
intervenções realizadas pela medicina interrompem a evolução biológica do ser
humano.
TEXTO.
Cortando
fronteiras com capital e tecnologia, as multinacionais otimizam mercados,
recursos naturais e políticos em escala mundial. Uma nova forma de acumular
lucros, uma nova divisão internacional do trabalho.
15. A
nova divisão internacional do trabalho apresentada no texto tem como causa a
seguinte atuação das multinacionais:
a)
aplicação de capitais em atividades agropastoris nos países periféricos.
b)
implantação de filiais em países de mão-de-obra barata.
c)
participação em mais de um ramo de atividade.
d)
importação de matérias-primas do Terceiro Mundo.
e)
exploração de novas fontes de energia.
TEXTO.
No trecho
abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente um outro
estilo de época: o romantismo.
"Naquele
tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida
criatura da nossa raça, e, com certeza a mais voluntariosa. Não digo que já lhe
coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é
romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e
espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou
espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele
feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para fins
secretos da criação."
16. A
frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao romantismo está
transcrita na alternativa:
a) ...o
autor sobredoura a realidade e fecha os oolhos às sardas e espinhas...
b) ...era
talvez a mais atrevida criatura da nossa raça ...
c) Era
bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e
eterno, ...
d)
Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos...
e) ...o
indivíduo passa a outro indivíduo, para fins secretos da criação.
TEXTOS.
Rui
Guerra e Chico Buarque de Holanda escreveram uma peça para teatro chamada
Calabar, pondo em dúvida a reputação de traidor que foi atribuída a Calabar,
pernambucano que ajudou decisivamente os holandeses na invasão do Nordeste
brasileiro, em 1632.
-Calabar
traiu o Brasil que ainda não existia? Traiu Portugal, nação que explorava a
colônia onde Calabar havia nascido? Calabar, mulato em uma sociedade escravista
e discriminatória, traiu a elite branca?
Os textos
referem-se também a esta personagem.
Texto I:
" ... dos males que causou à Pátria, a História, a inflexível História,
lhe chamará infiel, desertor e traidor, por todos os séculos. "
Texto II:
"Sertanista experimentado, em 1627 procurava as minas de Belchior Dias
com a gente da Casa da Torre; ajudara Matias de Albuquerque na defesa do
Arraial, onde fora ferido, e desertara em conseqüência de vários crimes
praticados..." (os crimes referidos são o de contrabando e roubo).
17.
Pode-se afirmar que:
a) A peça
e os textos abordam a temática de maneira parcial e chegam às mesmas
conclusões.
b) A peça
e o texto I refletem uma postura tolerante com relação à suposta traição de
Calabar, e o texto II mostra uma atitude contrária à atitude de Calabar.
c) Os
textos I e II mostram uma posição contrária à atitude de Calabar, e a peça
demonstra uma posição indiferente em relação ao seu suposto ato de traição.
d) A peça
e o texto II são neutros com relação à suposta traição de Calabar, ao contrário
do texto I, que condena a atitude de Calabar.
e) A peça
questiona a validade da reputação de traidor que o texto I atribui a Calabar,
enquanto o texto II descreve ações positivas e negativas dessa personagem.
TEXTO.
Tu só,
tu, puro amor, com força crua
Que os
corações humanos tanto obriga,
Deste
causa à molesta morte sua,
Como se
fora pérfida inimiga.
Se dizem,
fero Amor, que a sede tua
Nem com
lágrimas tristes se mitiga,
É porque
queres, áspero e tirano,
Tuas aras
banhar em sangue humano.
Estavas,
linda Inês, posta em sossego
De teus
anos colhendo
Naquele
engano da alma ledo e cego,
Que a
fortuna não deixa durar
Nos
saudosos campos do Mondego,
De teus
fermosos olhos
Aos
montes ensinando e às ervinhas,
O nome
que no peito escrito tinhas.
18. Os
Lusíadas, obra de Camões, exemplificam o gênero épico na poesia portuguesa,
entretanto oferecem momentos em que o lirismo se expande, humanizando os
versos. O episódio de Inês de Castro, do qual o trecho acima faz parte, é
considerado o ponto alto do lirismo camoniano inserido em sua narrativa épica.
Desse episódio, como um todo, pode afirmar-se que seu núcleo central:
a)
personifica e exalta o Amor, mais forte que as conveniências e causa da
tragédia de Inês.
b)
celebra os amores secretos de Inês e de D. Pedro e o casamento solene e festivo
de ambos.
c) tem
como tema básico a vida simples de Inês de Castro, legítima herdeira do trono
de Portugal.
d)
retrata a beleza de Inês, posta em sossego, ensinando aos montes o nome que no
peito escrito tinha.
e) relata
em versos livres a paixão de Inês pela natureza e pelos filhos e sua elevação
ao trono português.
TEXTO.
O
franciscano Roger Bacon foi condenado, entre 1277 e 1279, por dirigir ataques
aos teólogos, por uma suposta crença na alquimia, na astrologia e no método
experimental, e também por introduzir, no ensino, as idéias de Aristóteles. Em
1260, Roger Bacon escreveu:
"Pode
ser que se fabriquem máquinas graças às quais os maiores navios, dirigidos por
um único homem, se desloquem mais depressa do que se fossem cheios de
remadores; que se construam carros que avancem a uma velocidade incrível sem a
ajuda de animais; que se fabriquem máquinas voadoras nas quais um homem (...)
bata o ar com asas como um pássaro. (...) Máquinas que permitam ir ao fundo dos
mares e dos rios"
19.
Considerando a dinâmica do processo histórico, pode-se afirmar que as idéias de
Roger Bacon:
(A)
inseriam-se plenamente no espírito da Idade Média ao privilegiarem a crença em
Deus como o principal meio para antecipar as descobertas da humanidade.
(B)
estavam em atraso com relação ao seu tempo ao desconsiderarem os instrumentos
intelectuais oferecidos pela Igreja para o avanço científico da humanidade.
(C)
opunham-se ao desencadeamento da Primeira Revolução Industrial, ao rejeitarem a
aplicação da matemática e do método experimental nas invenções industriais.
(D) eram
fundamentalmente voltadas para o passado, pois não apenas seguiam Aristóteles,
como também baseavam-se na tradição e na teologia.
(E)
inseriam-se num movimento que convergiria mais tarde para o Renascimento, ao
contemplarem a possibilidade de o ser humano controlar a natureza por meio das
invenções.
TEXTO.
Eram
cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua
infinidade de portas e janelas alinhadas.
Um
acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada, sete horas de chumbo.
(…).
O rumor
crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não
destacavam vozes dispersas, mas um só ruído compacto que enchia todo o cortiço.
Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam-se discussões e rezingas;
ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava-se. Sentia-se naquela
fermentação sangüínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham
os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir,
a triunfante satisfação de respirar sobre a terra.
20. Assinale
a alternativa que NÃO corresponde a uma possível leitura do fragmento citado:
a) No
texto, o narrador enfatiza a força do coletivo. Todo o cortiço é apresentado
como um personagem que, aos poucos, acorda como uma colméia humana.
b) O
texto apresenta um dinamismo descritivo, ao enfatizar os elementos visuais,
olfativos e auditivos.
c) O
discurso naturalista de Aluísio Azevedo enfatiza nos personagens de O Cortiço o
aspecto animalesco, “rasteiro” do ser humano, mas também a sua vitalidade e
energia naturais, oriundas do prazer de existir.
d)
Através da descrição do despertar do cortiço, o narrador apresenta os elementos
introspectivos dos personagens, procurando criar correspondências entre o mundo
físico e o metafísico.
e)
Observa-se, no discurso de Aluísio Azevedo, pela constante utilização de
metáforas e sinestesias, uma preocupação em apresentar elementos descritivos
que comprovem a sua tese determinista.
TEXTO.
O trecho
a seguir é parte do poema "Mocidade e morte", do poeta romântico
Castro Alves:
Oh! eu
quero viver, beber perfumes Na flor silvestre, que embalsama os ares;
Ver
minh´alma adejar pelo infinito,
Qual
branca vela n´amplidão dos mares.
No seio
da mulher há tanto aroma...
Nos seus
beijos de fogo há tanta vida...
- Árabe
errante, vou dormir à tarde
À sombra
fresca da palmeira erguida.
Mas uma
voz responde-me sombria:
Terás o
sono sob a lájea fria.
21. Esse
poema, como o próprio título sugere, aborda o inconformismo do poeta com a
antevisão da morte prematura, ainda na juventude. A imagem da morte aparece na
palavra:
(A)
embalsama.
(B)
infinito.
(C)
amplidão.
(D)
dormir.
(E) sono.